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sábado, 29 de janeiro de 2011

Um dia é da caça.

EPITÁFIO

Ó, Fera feroz que feriste meu faro?
Que farei? Que farei?

- Coloca um esparadrapo
e respira pela boca.




Semana da dieta de proteína. O famoso regime do caçador - praticamente só carne. À la Naomi Campbel: no carbs. São os sete dias extraordinários onde me ajoelharia por uma colher de açúcar ou uma gotinha de mel; quando posso comer tudo o que aguentar num rodízio de grelhados e não quero nada com salgado: fico babando com o cheiro das padarias e mataria por um brioche.

Por que eu faço? Porque funciona. Nada melhor que uma semaninha protéica para recuperar os excessos de uma série de comilanças e os dois quilinhos chatos que chegaram de mala e cuia.

Este é o cenário quando convido Bitols para irmos ao churrasquinho. Claro, ele queria ir na boutique de bolos da esquina, só para provocar. Insisti, pedi por favor, tá, vamos lá.

Desde que entrou no carro, o celular não parava de tocar. Primeiro tentou disfarçar, apenas silenciou com o botão de rejeitar. Continuou o assunto, a questão dos croissants e tal. Mas irromperam as guitarras do Cake desde seu aparelhinho e, como num dèjá vu, mecanicamente cancelou a chamada. Outra vez, na sequência, e ele sequer olhou o visor - significando que isso já estava assim antes mesmo de chegar para buscá-lo.

Repetiu-se a insistência telefônica e, bem, perguntei:

- E aí? Que passa?
- Sei lá, um número que não conheço.

- Atende, ué?

- Não, não...

Evasivo, mas compenetrado em diluir a encrenca, continuou:

- Pois então, e quando acaba essa tua diet... – tãna-tãnana-tãna-tãnana-tãna as distorções iniciais de “Opera Singer”, anunciando que a criatura insistia.

- Atende, poxa.

Atendeu. Desligou.

- Ih, mas é a cobrar.

A essa altura você já imagina que eu montava em um porco. Adicione-se a isso o fato de que estava farta de presunto. Putaquepariu, Bitols! Pensei, mas não falei.

Óbvio: uma bruaca ligando a cobrar. Nada melhor para chamar a atenção de um homem que ligar a cobrar. Ou ainda: liga do seu número, o cara ignora. Daí disca de outro telefone, ou de origem bloqueada. Por que diabos ele não põe no silencioso! Pensei, mas não falei. Ai, que ódio!

Chegamos finalmente na casa de espetinhos e o trem desandou a tocar pela enésima. Bufei. Pressionou o verdinho e tava alto o volume do fone:

Tandan-tandadan-tandandan – chamada a cobrar, para aceitá-la continue na linha após a identificação – turuuuuuru...

- Alô! – enfezadíssimo – Quem fala?

- Ahsgdiuhkfjosdilgjldkamg – disse a voz feminina, mas ininteligível.

- Sônia. Quer falar com quem, Sônia? – Ríspido, brutal e sem dar chance de resposta, emendou:

- Olha, isso é um engano, ouviu? Não me ligue nunca mais!

Pois é. O cara da bancada, em frente às brasas, esquentou os olhos e quase explodiu rindo. Bitols, recomposto, sorriu desajeitado e inventou:

- Haha, parece que estou brabo mesmo, né?

- Aham. Ninguém notou nada. Foi super sutil.

___________________________________________________________________


Ouça Opera Singer,
 o ringtone do Bitols

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

We are Wii [Crônica Falada]

Assista esta Crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 19.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman


Obrigada @vicentecarpinejar pelas fotos lindas!
Conheça o Vicente em seu [EU] [VI] [BICHOS]

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Programa Polêmica [19.01.2011]

Programa Polêmica, Rádio Gaúcha, 19/01/2011 - 9h30
Ouça aqui: Polêmica


Entrevistados:

- Tatuador Eduardo de Mingo (Edu Tattoo)

- Médica e Psicoterapeuta Cinthya Verri

- Vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (RS), Gerson Luis da Silva
- Juiz Militar Paulo Roberto Mendes



Tatuagens eliminam candidatos a salva-vidas. Você curte tatuagens ou considera de mau gosto?

Curte tatuagens - 32%
Considera de mau gosto - 68%
Total de votos: 570
Publicado em: 19/01/11
9 exibições | 0 comentários

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

OH!

Ray Cesar's Day Break Study 2 Above (2008)
40 x 30 inches
Digital Ultrachrome on Paper




Quem já não viu a seleção da Garota Verão ou de um concurso de miss?

E acreditou que fosse falso o espanto da vencedora, o assombro de lábios pintados, aquele grito de quem enxergou a si mesma lá adiante. A fofoca é instantânea: ela está fingindo que não sabia, falseando modéstia, provando para a torcida que não tinha sequer ideia de que fosse possível conquistar a faixa.

Talvez ela esteja sendo natural. Nosso medo mais insondável, mais sério e escondido é de vencer. A perdedora fica até aliviada, não terá que corresponder mais às expectativas. Recebe a confirmação imaginária de que não é predestinada. Suspira que não era para ser e já desiste.

Pouco se comenta do pânico da alegria, o pavor de ver reconhecida. Mais cômodo perder e ser imprópria, inadequada, tanto para transferir a culpa quanto para desistir de trabalhar mais.

O sucesso é uma solidão. Não é coisa simples, fácil. Temos muito mais medo da nossa força que da nossa fraqueza.

Preferimos chamar a derrota de injustiça ou a vitória de destino em vez de assumir a responsabilidade pela própria pontuação.

Preferimos nos apequenar e não gerar incômodo a quem está ao redor.Não provocar preocupações. A vitória é um manancial de preocupações: o que vou fazer agora, como me superar, como manter a posição?

E suportar a inveja disfarçada de crítica e o interesse imediato dos outros que nada mais é do que oportunismo.

De que modo descobrir que aquela companhia amorosa procura o nosso sucesso ou aquela que chegou até ele?

A coragem de dar continuidade na busca do que se quer não é para todos. A ordem do dia é coragem. De novo, de novo e de novo. Nosso melhor é sempre provisório, e renovável.

Na verdade, o vencedor e o perdedor não estão prontos, ambos entendem o valor da insistência.

O resto fica por conta do acaso.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 11.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman




Esta matéria foi publicada No Especial GAROTA VERÃO

Confira a edição no local:

Oh! [Crônica Falada]

Ray Cesar's Day Break Study 2 Above (2008)
40 x 30 inches
Digital Ultrachrome on Paper




Quem já não viu a seleção da Garota Verão ou de um concurso de miss?

E acreditou que fosse falso o espanto da vencedora, o assombro de lábios pintados, aquele grito de quem enxergou a si mesma lá adiante. A fofoca é instantânea: ela está fingindo que não sabia, falseando modéstia, provando para a torcida que não tinha sequer ideia de que fosse possível conquistar a faixa.

Talvez ela esteja sendo natural. Nosso medo mais insondável, mais sério e escondido é de vencer. A perdedora fica até aliviada, não terá que corresponder mais às expectativas. Recebe a confirmação imaginária de que não é predestinada. Suspira que não era para ser e já desiste.

Pouco se comenta do pânico da alegria, o pavor de ver reconhecida. Mais cômodo perder e ser imprópria, inadequada, tanto para transferir a culpa quanto para desistir de trabalhar mais.

O sucesso é uma solidão. Não é coisa simples, fácil. Temos muito mais medo da nossa força que da nossa fraqueza.

Preferimos chamar a derrota de injustiça ou a vitória de destino em vez de assumir a responsabilidade pela própria pontuação.

Preferimos nos apequenar e não gerar incômodo a quem está ao redor.Não provocar preocupações. A vitória é um manancial de preocupações: o que vou fazer agora, como me superar, como manter a posição?

E suportar a inveja disfarçada de crítica e o interesse imediato dos outros que nada mais é do que oportunismo.

De que modo descobrir que aquela companhia amorosa procura o nosso sucesso ou aquela que chegou até ele?

A coragem de dar continuidade na busca do que se quer não é para todos. A ordem do dia é coragem. De novo, de novo e de novo. Nosso melhor é sempre provisório, e renovável.

Na verdade, o vencedor e o perdedor não estão prontos, ambos entendem o valor da insistência.

O resto fica por conta do acaso.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 11.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman




Esta matéria foi publicada No Especial GAROTA VERÃO

Confira a edição no local:

OH!

Ray Cesar's Day Break Study 2 Above (2008)
40 x 30 inches
Digital Ultrachrome on Paper




Quem já não viu a seleção da Garota Verão ou de um concurso de miss?

E acreditou que fosse falso o espanto da vencedora, o assombro de lábios pintados, aquele grito de quem enxergou a si mesma lá adiante. A fofoca é instantânea: ela está fingindo que não sabia, falseando modéstia, provando para a torcida que não tinha sequer ideia de que fosse possível conquistar a faixa.

Talvez ela esteja sendo natural. Nosso medo mais insondável, mais sério e escondido é de vencer. A perdedora fica até aliviada, não terá que corresponder mais às expectativas. Recebe a confirmação imaginária de que não é predestinada. Suspira que não era para ser e já desiste.

Pouco se comenta do pânico da alegria, o pavor de ver reconhecida. Mais cômodo perder e ser imprópria, inadequada, tanto para transferir a culpa quanto para desistir de trabalhar mais.

O sucesso é uma solidão. Não é coisa simples, fácil. Temos muito mais medo da nossa força que da nossa fraqueza.

Preferimos chamar a derrota de injustiça ou a vitória de destino em vez de assumir a responsabilidade pela própria pontuação.

Preferimos nos apequenar e não gerar incômodo a quem está ao redor.Não provocar preocupações. A vitória é um manancial de preocupações: o que vou fazer agora, como me superar, como manter a posição?

E suportar a inveja disfarçada de crítica e o interesse imediato dos outros que nada mais é do que oportunismo.

De que modo descobrir que aquela companhia amorosa procura o nosso sucesso ou aquela que chegou até ele?

A coragem de dar continuidade na busca do que se quer não é para todos. A ordem do dia é coragem. De novo, de novo e de novo. Nosso melhor é sempre provisório, e renovável.

Na verdade, o vencedor e o perdedor não estão prontos, ambos entendem o valor da insistência.

O resto fica por conta do acaso.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 11.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman




Esta matéria foi publicada No Especial GAROTA VERÃO

Confira a edição no local:

sábado, 8 de janeiro de 2011

Quem me dera ser um peixe.



EPITÁFIO
Último dia de aquário,
Primeiro dia de peixes.


Entrei no banheiro, a porta aberta. Lá estava Bitols, em pé, de frente ao vaso.

- Opa! Tava aberta.

- Tudo bem, terminando aqui.

A cena natural, tranquila. Intimidade tem seus flagrantes.

Seria passageira não fosse o detalhezinho sobre a louça branca. O disco alvejado, o donut das nádegas, o mal-falado suporte de rabo repousava sobre a base.

Claro que em geral nos queixamos de que o esquecem em guarda, feito descolorido sentinela londrino, e, desavisadas, acabamos com a bunda na friaca, gelando as dobras de carne na fina borda da patente. Especialmente na madrugada.

Não era o caso.

Mais de uma vez já tinha me perguntado o que eu fiz para merecer essa maravilha de companheiro que jamais esquece o sanitário careca?

Justo ele que está sempre tonto de pressa e compromissos, abandona o zíper arreganhado, as cuecas ao vento, correndo como lebre da Alice: como é que lembra de garantir meu pedestal?

Ali estava a resposta: ele mijava com o treco abaixado. Não sentado, mas ortostático, feito Fontana di Trevi, mirando no alvo reduzido. E eu duvidando da capacidade da hidra, chamando técnico para revisar a descarga que vazava, mas só de vez em quando. Não se descobria o defeito.

Elementar, minha cara: aqueles pinguinhos não eram água.

Desci o sarrafo em forma de discurso eloquente para demonstrar a gravidade da situação.

Fui-me berrando de dedo em riste e perguntando se não bastavam as danceterias e seus toiletes públicos, para onde marchamos com saltos e plataformas monumentais.

Imagina que o banheiro feminino é mais organizado e sanitizado que o masculino? Nunca! Porque mal sabem vocês, os cabras, que nossos sapatos não apenas elevam os traseiros à lua contrariando a gravidade, mas também são galochas para atravessar o pântano que respira no Water Closet. Eu te explico, já que está com cara de interessado. O habitat natural nasce graças ao efeito borboleta de nosso hábito urinário.

Funciona assim: a primeira moça entra no quadradinho, desveste as calças justas que mal permitem mover as pernas uma vez deprimidas à altura das coxas; ela não se apóia em nenhum lugar com asco da latrina; inicia a descida com o quadril e pára a 45 graus; numa festa, bêbada, a mulher quase faz xixi de pé; e começa a tremer durante o agachamento prolongado; então ela tenta, em vão, jorrar o líquido áureo com algum controle; a seguir, livra-se do papel higiênico porcamente, pois está louca para sair dali. A segunda senhorita, precisará vencer os obstáculos herdados da primeira; à terceira miss caberá a árdua tarefa de desviar dos destroços da segunda e assim por diante. Às três da manhã, tcharans: eis o atoleiro.

Não chega para você que tenhamos a uretra mais curta, a bexiga mais cheia, a insalubridade dos absorventes descartados, os canos entupidos pelos ob’s arremessados, o excesso de líquido que bebemos para diminuir o apetite, as filas intermináveis, os trocadores com bebês e fraldas feito brejos nos shoppings, nos supermercados e até nas igrejas.

Nãããão. Que sorte a minha contar com você para garantir que a saga se perpetue dentro de casa.

Pois foi assim. Jurou que era a única vez, era inédito. Foi apelar ao filho, pediu confirmação do Vicente que saiu dizendo que ele faz isso só umas cinco a cada dez vezes.

Ok. No Vicente eu acredito. Afogo só metade. 50%. É justo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Outra Opção [Crônica Falada]



Quando recebi a atualização de meu editor de texto para a versão doze ponto alguma coisa, foi um susto. Não tinham apenas aumentando as possibilidades de fontes, melhorado o design, ajeitado alguma funcionalidade extra: tinham trocado tudo de lugar.

O que fizeram com o Word? Cadê o copiar-colar? Cadê? Onde é que se insere imagem? Onde conto as palavras?

Não alcançava somente através dos menus, costumava ir através dos ícones nas barras de ferramentas. Agora estalavam quadrados gigantes em abas no cabeçalho.

Estranhei muito. Reclamava constantemente, amaldiçoava junto com Rodrigo, meu amigo arquiteto. Lá pelas tantas, ele vira para mim:

- Estamos iguais aqueles velhos xaropões que não aceitam o novo.

Ui. Santo remédio. Amargo, mas valeu. Na hora mudei de atitude e me abri em relação ao produto. Há muito nos tornamos íntimos e o mal estar se foi.

Desde lá, não me nego, não me encolho, não me desinteresso antes de conhecer. Já fazia isso, é verdade, mas ficou diferente: antes, eu jurava que nunca ia acontecer comigo! Acreditava que a coisa de velhice que quer repetir o passado era para os outros, não para mim.

Desse cavalo vale a pena cair.

Diante de iPads e leitores digitais, vejo muitos amigos reagindo como eu fiz com o software anos atrás: é ruim, é feio é chato, não me acostumo. Ora, primeiro você precisa se abrir e tentar de verdade, não essa espiada de meia tigela ao instrumento.

Tem muitas vantages, é suave, rápido, tem mais de uma função e mantém o usuário atualizado, traz a discoteca junto, o email, as fotos.

Não tem o cheirinho das páginas, mas ninguém vai obrigá-lo a largar o livro de papel para sempre, não é assim: eles podem existir juntos na sua vida. É um amor a mais.

Se a sua biblioteca pegasse fogo como a de Alexandria, tudo estaria perdido. Se o seu iPad afundar no mar, você tem seus dados digitais esperando para descer em uma unidade novinha em folha. Quem sabe o que seria do pensamento moderno de tivéssemos backups de Parmênides, Sócrates e Platão?

Confessa, vai? Você sabe que se retrair à modernidade é simplesmente não querer que o tempo passe. No fundo, é medinho de envelhecer. Rechaçar o novo é o mesmo que dizer que não aceita ficar para trás, que os valores não mudaram.

Deixa de ser rabugento. Envelhecer é ruim, mas é bom. A outra opção é morrer.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 06.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman

A Outra Opção.



Quando recebi a atualização de meu editor de texto para a versão doze ponto alguma coisa, foi um susto. Não tinham apenas aumentando as possibilidades de fontes, melhorado o design, ajeitado alguma funcionalidade extra: tinham trocado tudo de lugar.

O que fizeram com o Word? Cadê o copiar-colar? Cadê? Onde é que se insere imagem? Onde conto as palavras?

Não alcançava somente através dos menus, costumava ir através dos ícones nas barras de ferramentas. Agora estalavam quadrados gigantes em abas no cabeçalho.

Estranhei muito. Reclamava constantemente, amaldiçoava junto com Rodrigo, meu amigo arquiteto. Lá pelas tantas, ele vira para mim:

- Estamos iguais aqueles velhos xaropões que não aceitam o novo.

Ui. Santo remédio. Amargo, mas valeu. Na hora mudei de atitude e me abri em relação ao produto. Há muito nos tornamos íntimos e o mal estar se foi.

Desde lá, não me nego, não me encolho, não me desinteresso antes de conhecer. Já fazia isso, é verdade, mas ficou diferente: antes, eu jurava que nunca ia acontecer comigo! Acreditava que a coisa de velhice que quer repetir o passado era para os outros, não para mim.

Desse cavalo vale a pena cair.

Diante de iPads e leitores digitais, vejo muitos amigos reagindo como eu fiz com o software anos atrás: é ruim, é feio é chato, não me acostumo. Ora, primeiro você precisa se abrir e tentar de verdade, não essa espiada de meia tigela ao instrumento.

Tem muitas vantages, é suave, rápido, tem mais de uma função e mantém o usuário atualizado, traz a discoteca junto, o email, as fotos.

Não tem o cheirinho das páginas, mas ninguém vai obrigá-lo a largar o livro de papel para sempre, não é assim: eles podem existir juntos na sua vida. É um amor a mais.

Se a sua biblioteca pegasse fogo como a de Alexandria, tudo estaria perdido. Se o seu iPad afundar no mar, você tem seus dados digitais esperando para descer em uma unidade novinha em folha. Quem sabe o que seria do pensamento moderno de tivéssemos backups de Parmênides, Sócrates e Platão?

Confessa, vai? Você sabe que se retrair à modernidade é simplesmente não querer que o tempo passe. No fundo, é medinho de envelhecer. Rechaçar o novo é o mesmo que dizer que não aceita ficar para trás, que os valores não mudaram.

Deixa de ser rabugento. Envelhecer é ruim, mas é bom. A outra opção é morrer.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 06.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman

A Outra Opção.



Quando recebi a atualização de meu editor de texto para a versão doze ponto alguma coisa, foi um susto. Não tinham apenas aumentando as possibilidades de fontes, melhorado o design, ajeitado alguma funcionalidade extra: tinham trocado tudo de lugar.

O que fizeram com o Word? Cadê o copiar-colar? Cadê? Onde é que se insere imagem? Onde conto as palavras?

Não alcançava somente através dos menus, costumava ir através dos ícones nas barras de ferramentas. Agora estalavam quadrados gigantes em abas no cabeçalho.

Estranhei muito. Reclamava constantemente, amaldiçoava junto com Rodrigo, meu amigo arquiteto. Lá pelas tantas, ele vira para mim:

- Estamos iguais aqueles velhos xaropões que não aceitam o novo.

Ui. Santo remédio. Amargo, mas valeu. Na hora mudei de atitude e me abri em relação ao produto. Há muito nos tornamos íntimos e o mal estar se foi.

Desde lá, não me nego, não me encolho, não me desinteresso antes de conhecer. Já fazia isso, é verdade, mas ficou diferente: antes, eu jurava que nunca ia acontecer comigo! Acreditava que a coisa de velhice que quer repetir o passado era para os outros, não para mim.

Desse cavalo vale a pena cair.

Diante de iPads e leitores digitais, vejo muitos amigos reagindo como eu fiz com o software anos atrás: é ruim, é feio é chato, não me acostumo. Ora, primeiro você precisa se abrir e tentar de verdade, não essa espiada de meia tigela ao instrumento.

Tem muitas vantages, é suave, rápido, tem mais de uma função e mantém o usuário atualizado, traz a discoteca junto, o email, as fotos.

Não tem o cheirinho das páginas, mas ninguém vai obrigá-lo a largar o livro de papel para sempre, não é assim: eles podem existir juntos na sua vida. É um amor a mais.

Se a sua biblioteca pegasse fogo como a de Alexandria, tudo estaria perdido. Se o seu iPad afundar no mar, você tem seus dados digitais esperando para descer em uma unidade novinha em folha. Quem sabe o que seria do pensamento moderno de tivéssemos backups de Parmênides, Sócrates e Platão?

Confessa, vai? Você sabe que se retrair à modernidade é simplesmente não querer que o tempo passe. No fundo, é medinho de envelhecer. Rechaçar o novo é o mesmo que dizer que não aceita ficar para trás, que os valores não mudaram.

Deixa de ser rabugento. Envelhecer é ruim, mas é bom. A outra opção é morrer.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 06.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Programa Polêmica [05.01.2011]

Polêmica. 05/01/2011 - 9h30

Se puder escolher, você prefere litoral:

Gaúcho - 23%
Catarinense - 47%
Punta del Este - 12%
Rio, Nordeste, outra opção qualquer - 18%

Total de votos: 387
Publicado em: 05/01/11
47 exibições | 0 comentários



ENTREVISTADOS:
- Escritor e Publicitário, Luiz Coronel
- Publicitário Miltinho Talaveira
- Médica e Psicoterapeuta Cínthya Verri
- Jornalista Cláudia Ioschpe


Ouça o áudio do programa aqui: no Clic RBS