....

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tânia Carvalho entrevista: Cínthya Verri e Roberto Azambuja



Hoje, ao vivo no programa Falando:

Um programa que aborda a obesidade de um modo inusitado e diferente: que o gordo não tenha vergonha de ser gordo. Aceitação longe da culpa. Sem fingir magreza ou atender estereótipos.

Tânia Carvalho, eu e Roberto Azambuja conversaremos sobre Comida, Culpa, Responsabilidade e otras cositas más.

Assista na TVCOM às 18h canal 36 ou
na internet no Link para o frame do "ao vivo na TVCOM":
clique aqui
(não é o vídeo)

sábado, 11 de abril de 2009

Eu Acredito em Coelho


Sabe aquela criança irritante de tão doce? Que canta como se estivesse fazendo um favor para o silêncio? Nunca contive a doçura em mim, e enjoava. Mais os outros do que eu.

Quando tinha cinco ou seis anos, infernizava a família antes da Páscoa.

Soprava pela janelinha de meus dentes incisivos a Canção do Coelho - em looping. E não apenas isso: a sequência não interrompida de letra e música tinha um conjugação toda especial.

Eu acreditava que "trazes" era o plural de "traz", combinando com os "três ovos assim".

"Coelhinho das Páscoas ques trazes pras mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim!"

É fácil observar que tudo ganhava um plural, exceto o Coelho e eu, claro. Éramos um para o outro.

A Páscoa que eu vivi significava a coroação da alegria. Esquecia que a coroa vinha armada de espinhos.

A mãe estampava marcas de patinhas com farinha, investia algodõezinhos nas frestas para mostrar que o coelho passava correndo. Deixávamos a cenoura e a água como atenção e reconhecimento por seu imenso trabalho e dever bem cumprido com as crianças.

A euforia incendiava minha garganta que só se acalmava cantando. Um tipo de reza canônica, um ritual para o qual eu vestia grandes orelhas. Que durava o dia inteiro: dentro do carro, dentro do quarto, na hora do almoço, do jantar, do lanche da tarde, na praça, no banho.

Meu irmão Gustavo procurava onde escondia as pilhas.

Às vezes dançava. Na época, não imitava ninguém, talvez eu mesma quando fosse adulta.

Beijava a estátua gosmenta de cristo na igreja; não questionava a sexta-feira santa e o horrendo peixe obrigada a desossar; não protestava o sábado de aleluia ou o interminável sermão do padre Guilherme. Todo sacrifício prometia juros.

Morávamos em Constantina, cidade a 307 km da capital gaúcha. Havia extensas plantações de soja, uma atmosfera interiorana ladeada de estradas curtas e ardidas de terra vermelha. Nosso cachorro Giscard apareceu na véspera do Domingo com um animalzinho entre os dentes, retirado das moitas. O pai ameaçou tirar, confiávamos que fisgou um passarinho alheado. O pastor alemão rosnou, protegia a tigela de suas patas.

Eu não conseguia - por mais pavor que sentisse - desgrudar os olhos da natureza de sua refeição. Juro que identifiquei: a sombra branca de seu pelo, altivez desfigurada.

Fui uma criança que nunca deixou de acreditar no coelho da Páscoa; eu o vi morrer.

Eu Acredito em Coelho


Sabe aquela criança irritante de tão doce? Que canta como se estivesse fazendo um favor para o silêncio? Nunca contive a doçura em mim, e enjoava. Mais os outros do que eu.

Quando tinha cinco ou seis anos, infernizava a família antes da Páscoa.

Soprava pela janelinha de meus dentes incisivos a Canção do Coelho - em looping. E não apenas isso: a sequência não interrompida de letra e música tinha um conjugação toda especial.

Eu acreditava que "trazes" era o plural de "traz", combinando com os "três ovos assim".

"Coelhinho das Páscoas ques trazes pras mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim!"

É fácil observar que tudo ganhava um plural, exceto o Coelho e eu, claro. Éramos um para o outro.

A Páscoa que eu vivi significava a coroação da alegria. Esquecia que a coroa vinha armada de espinhos.

A mãe estampava marcas de patinhas com farinha, investia algodõezinhos nas frestas para mostrar que o coelho passava correndo. Deixávamos a cenoura e a água como atenção e reconhecimento por seu imenso trabalho e dever bem cumprido com as crianças.

A euforia incendiava minha garganta que só se acalmava cantando. Um tipo de reza canônica, um ritual para o qual eu vestia grandes orelhas. Que durava o dia inteiro: dentro do carro, dentro do quarto, na hora do almoço, do jantar, do lanche da tarde, na praça, no banho.

Meu irmão Gustavo procurava onde escondia as pilhas.

Às vezes dançava. Na época, não imitava ninguém, talvez eu mesma quando fosse adulta.

Beijava a estátua gosmenta de cristo na igreja; não questionava a sexta-feira santa e o horrendo peixe obrigada a desossar; não protestava o sábado de aleluia ou o interminável sermão do padre Guilherme. Todo sacrifício prometia juros.

Morávamos em Constantina, cidade a 307 km da capital gaúcha. Havia extensas plantações de soja, uma atmosfera interiorana ladeada de estradas curtas e ardidas de terra vermelha. Nosso cachorro Giscard apareceu na véspera do Domingo com um animalzinho entre os dentes, retirado das moitas. O pai ameaçou tirar, confiávamos que fisgou um passarinho alheado. O pastor alemão rosnou, protegia a tigela de suas patas.

Eu não conseguia - por mais pavor que sentisse - desgrudar os olhos da natureza de sua refeição. Juro que identifiquei: a sombra branca de seu pelo, altivez desfigurada.

Fui uma criança que nunca deixou de acreditar no coelho da Páscoa; eu o vi morrer.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Escrita Livre

Amarelo parede da infância
Cachaça de arder a garrafa
O fogo prende os cabelos grisalhos
Vidro fechado escancara
Rãs e ratos
Na porta da casa de praia

Uma e meia

O silêncio do pai
Oxida no barro

Fui eu
Nove vidas na ausência
O corpo esquartejado com andorinhas
Respiro para não enlouquecer
O vão que não tenho entre as coxas

O que sai de tuas narinas
Tudo outra vez

Nunca entendeu que somos duas pessoas
No carro, de mãos dadas

No gancho mora o cinto
Para quem dobro meu corpo

A tiavó era de madeira
Um lento patchouli
Meiodia a dormir em pregos
A insônia é jamais
Sordidez é ajuda

No duplo suicídio
Se cumpre o sono invertido

A luz fratura o osso e
Surge um par de sinusites


Pedi perdão para mim,
quando me deixei

Minha música, a repetição
O inferno, a sobreposição
Espuma é doença e miasma

Dentro do logro materno
A noite balança e passa

Escrita Livre

Amarelo parede da infância
Cachaça de arder a garrafa
O fogo prende os cabelos grisalhos
Vidro fechado escancara
Rãs e ratos
Na porta da casa de praia

Uma e meia

O silêncio do pai
Oxida no barro

Fui eu
Nove vidas na ausência
O corpo esquartejado com andorinhas
Respiro para não enlouquecer
O vão que não tenho entre as coxas

O que sai de tuas narinas
Tudo outra vez

Nunca entendeu que somos duas pessoas
No carro, de mãos dadas

No gancho mora o cinto
Para quem dobro meu corpo

A tiavó era de madeira
Um lento patchouli
Meiodia a dormir em pregos
A insônia é jamais
Sordidez é ajuda

No duplo suicídio
Se cumpre o sono invertido

A luz fratura o osso e
Surge um par de sinusites


Pedi perdão para mim,
quando me deixei

Minha música, a repetição
O inferno, a sobreposição
Espuma é doença e miasma

Dentro do logro materno
A noite balança e passa

domingo, 5 de abril de 2009

Do Boicote


Paula Rego
[
Dancing Ostriches (triptych).
1995, Pastel on paper mounted on aluminium]

A família prescreve que é bom que se atenda a um concurso público. O indivíduo também pensa assim. Apesar de inteligente e estudioso, por mais que se dedique, não consegue a vaga.

O empregado que desconhece a pontualidade no emprego, não sabe o que acontece – apenas não acorda.

O marido que mais uma vez esqueceu o aniversário de casamento.

A mulher que simplesmente não consegue deixar de comer pizza durante sua dieta – não consegue emagrecer.

A tudo isso, ao exercício da vontade não-autorizada, chama-se boicote: é assim que ele passa a ser o agente. O insucesso ganha uma origem que, mesmo sendo obscura, isenta o fracassado. A vitimização é a maneira de tornar legítima a falta de responsabilidade sobre os fatos.

Ter medo do boicote é crer numa entidade maléfica própria que impedirá as boas intenções. Isso não é verdade. A desautorização acontece pela falta de liberdade de pensamento; pela amizade pobre do sujeito consigo mesmo; pela avaliação de vontades através de critérios. Em suma: é a arrogância de quem julga o que deveria estar sendo desejado e o que não deveria.

Cumprir um desejo sem assumi-lo não ajudará sua execução. Ele sairá mal acabado, improvisado e sem compositor. Os rascunhos também devem ser assinados.

Consideração no tratamento é, antes de tudo, assumir que a pessoa atendida é a guia; e não o desejo de quem a atende - o que o terapeuta imagina para ela. Ainda, é saber que a moralidade não pode superar a ética; que a realidade é imperadora. Caso contrário, será chamado boicote sempre que alguém age diferentemente do que se espera. É não perceber o que foi satisfeito.

A Resistência ao Tratamento, por exemplo, que alguns chamam boicote da terapia, por este prisma, fica assim:
quando quer melhorar, a pessoa aprende a dançar com seu terapeuta. Quando quer e não quer ao mesmo tempo, dribla. Quando não quer, abandona.

Ver é mais importante que ouvir.

Ajudar a assumir o que faz é a estrada principal de qualquer tratamento. Capaz de inventar-se, a pessoa assume suas vontades. Faz o que quer – inclusive não cumprir o desejo. Ela se habilita a tentar ser o que é da melhor maneira que conseguir.

Boicote não existe. Existe um querer que não se aceita; que não se oferece defesa, que não se ajeita raciocínio ou desenvolve pensamento. O desejo precisa de olhos emprestados. Com o peso do receio, qualquer apetite naufraga na sombra e é compelido a tatear seu caminho para o exterior.

Do Boicote


Paula Rego
[
Dancing Ostriches (triptych).
1995, Pastel on paper mounted on aluminium]

A família prescreve que é bom que se atenda a um concurso público. O indivíduo também pensa assim. Apesar de inteligente e estudioso, por mais que se dedique, não consegue a vaga.

O empregado que desconhece a pontualidade no emprego, não sabe o que acontece – apenas não acorda.

O marido que mais uma vez esqueceu o aniversário de casamento.

A mulher que simplesmente não consegue deixar de comer pizza durante sua dieta – não consegue emagrecer.

A tudo isso, ao exercício da vontade não-autorizada, chama-se boicote: é assim que ele passa a ser o agente. O insucesso ganha uma origem que, mesmo sendo obscura, isenta o fracassado. A vitimização é a maneira de tornar legítima a falta de responsabilidade sobre os fatos.

Ter medo do boicote é crer numa entidade maléfica própria que impedirá as boas intenções. Isso não é verdade. A desautorização acontece pela falta de liberdade de pensamento; pela amizade pobre do sujeito consigo mesmo; pela avaliação de vontades através de critérios. Em suma: é a arrogância de quem julga o que deveria estar sendo desejado e o que não deveria.

Cumprir um desejo sem assumi-lo não ajudará sua execução. Ele sairá mal acabado, improvisado e sem compositor. Os rascunhos também devem ser assinados.

Consideração no tratamento é, antes de tudo, assumir que a pessoa atendida é a guia; e não o desejo de quem a atende - o que o terapeuta imagina para ela. Ainda, é saber que a moralidade não pode superar a ética; que a realidade é imperadora. Caso contrário, será chamado boicote sempre que alguém age diferentemente do que se espera. É não perceber o que foi satisfeito.

A Resistência ao Tratamento, por exemplo, que alguns chamam boicote da terapia, por este prisma, fica assim:
quando quer melhorar, a pessoa aprende a dançar com seu terapeuta. Quando quer e não quer ao mesmo tempo, dribla. Quando não quer, abandona.

Ver é mais importante que ouvir.

Ajudar a assumir o que faz é a estrada principal de qualquer tratamento. Capaz de inventar-se, a pessoa assume suas vontades. Faz o que quer – inclusive não cumprir o desejo. Ela se habilita a tentar ser o que é da melhor maneira que conseguir.

Boicote não existe. Existe um querer que não se aceita; que não se oferece defesa, que não se ajeita raciocínio ou desenvolve pensamento. O desejo precisa de olhos emprestados. Com o peso do receio, qualquer apetite naufraga na sombra e é compelido a tatear seu caminho para o exterior.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Resultado do Polêmica: ouça o programa de 03 de abril de 2009 - Rádio Gaúcha

Pesquisa inglesa constata: os homens são mais fofoqueiros do que as mulheres.
Você concorda?

Não - 47%
Total de ligações: 188

Polêmica: 03 de abril de 2009 - das 9h e 30min às 11h na Rádio Gaúcha

Amanhã no programa Polêmica ouça a Dra Cínthya Verri, o poeta Fabrício Carpinejar e demais convidados de Lauro Quadros às 9h e 30min.


Rádio Gaúcha FM93,7+AM600


Segue abaixo a pergunta do programa de amanhã, sobre o trote universitário.


Pesquisa inglesa constata: os homens são mais fofoqueiros do que as mulheres.
Você concorda?
SIM - 32.99.26.01

ou ou NÃO -32.99.26.02



MATÉRIA BBC:

Homens fofocam mais que mulheres, diz estudo
Pesquisa mostra que eles se sentem mais enturmados quando participam de conversas.

Homens passam mais tempo de seu dia fofocando do que as mulheres, segundo uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha.
O estudo do instituto de pesquisas Onepoll indica que eles passam uma média de 76 minutos diários conversando sobre amenidades com amigos e colegas de trabalho, comparado a 52 minutos gastos pelas mulheres.
Entre os assuntos favoritos dos homens estão as peripécias de amigos bêbados e os dos tempos de escola, e as histórias em torno da mulher mais bonita do escritório.
Já as mulheres preferem passar o tempo reclamando de outras mulheres, falando da vida sexual dos conhecidos e comentando sobre o peso das amigas.

Mais que sexo
O OnePoll entrevistou 5 mil pessoas pela internet.
Ele descobriu que os homens fofocam mais no escritório, enquanto as mulheres preferem fazer isso em casa.
Cerca de 30% dos homens disseram ficar mais felizes quando conversam com os colegas de trabalho, e 58% deles admitem que fofocar o faz se sentirem "enturmados".
Outros 31% confessaram gostar mais de fofocar com as parceiras do que fazer sexo.
"Esta pesquisa prova que os homens são piores que as mulheres", disse um representante do Onepoll. "Eles adoram um pouco de escândalo e vão fazer qualquer coisa para ser o centro das atenções dos colegas."
Entre as mulheres, mais da metade das entrevistadas disse que conversam frequentemente sobre suas vidas pessoais com as amigas.
Elas também tendem a comentar mais sobre as celebridades do que os homens, que são mais influenciados pelos assuntos do trabalho.
"Mesmo fofocando sobre coisas diferentes, homens e mulheres concordam que conversar com amigos, colegas e parceiros os ajuda a se sentir mais à vontade", disse o representante da Onepoll.


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Bazar da Baé

Sábado tem Bazar das maravilhas que minha amiga Baé selecionou de uma artista fazedora de bolsas. A maioria é única, exclusiva.
Bolsas inventadas, crochezadas, invertidas, investidas, lindas e bolsas.
Baé fará a armação na casa dela, endereço abaixo.
Divulgo aqui porque a Baé é o máximo.

Bazar da Baé

Sábado tem Bazar das maravilhas que minha amiga Baé selecionou de uma artista fazedora de bolsas. A maioria é única, exclusiva.
Bolsas inventadas, crochezadas, invertidas, investidas, lindas e bolsas.
Baé fará a armação na casa dela, endereço abaixo.
Divulgo aqui porque a Baé é o máximo.